Taxa de ocupação oficial de leitos está em 96%, mas sistema está colapsado com pacientes graves na fila de espera por liberação de vaga.

Goiânia – Dois dias depois de Goiás abrir mais 68 vagas em unidade de terapia intensiva (UTI) para Covid, o estado continua, nesta segunda-feira (15/3), com alta demanda na rede hospitalar. A taxa de ocupação desses leitos está em 96,9%, de acordo com painel eletrônico oficial, atualizado em tempo real pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).

No total, o estado tem 451 leitos de UTI para Covid na rede pública, considerando os que passaram a funcionar no Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), inaugurado, em Uruaçu, no último sábado (13/3), pelo governador Ronaldo Caiado. A unidade, destinada exclusivamente para pacientes com a doença, tem, ainda, 118 vagas de enfermaria.

Ao todo, de acordo com o painel eletrônico da SES, às 11h15 desta segunda-feira, o estado também está com 89.59% de taxa de ocupação de enfermarias para Covid. Assim, mantém índice semelhante aos que foram registrados mesmo antes da abertura de novos leitos dessa modalidade.

No geral, a taxa de ocupação de leitos voltados para Covid está em 92,92%. Em toda a rede pública do estado, apenas 70 leitos estariam disponíveis. No total, Goiás tem 989 leitos exclusivos para pacientes com o novo coronavírus.

Apesar de a taxa de ocupação de UTI e de enfermaria não atingirem oficialmente 100%, pacientes graves com a doença ainda esperam em unidades de saúde de Goiás a liberação de leitos após cada caso ser analisado pela equipe técnica da secretaria. Na última semana 412 pessoas agonizavam à espera dessas vagas no estado. A pasta ainda não informou dados atualizados.

O presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), que reúne 33 unidades de saúde, Haikal Helou, reafirmou ao portal que todos os leitos da rede particular continuam ocupados.

“Os associados da Ahpaceg continuam enfrentando sobrecarga devido à grande velocidade de propagação de casos de Covid-19 em todo o estado”, disse. De acordo com o presidente, o sistema de saúde goiano está “colapsado”.

Em nota divulgada no Instagram da associação, o representante da rede privada afirmou que, “em alguns momentos, hospitais estão sendo obrigados a suspender temporariamente o atendimento no pronto-socorro por total incapacidade de receber novos pacientes, por falta de profissionais, equipamentos e insumos para garantir a assistência a essas pessoas”.

A suspensão de atendimento em pronto-socorro da rede particular fez o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) recomendar a hospitais de Goiânia a manterem em funcionamento unidades de pronto-socorro por se tratar de serviço essencial.

Na recomendação, enviada na última sexta-feira (12/3), os promotores Antônio de Pádua Rios e Susy Áurea Carvalho Pinheiro ressaltaram que a negativa de atendimento pode gerar subnotificação de casos da Covid-19.

“Os hospitais, em que pese fazerem parte da rede privada, devem obedecer às normativas do Sistema Único de Saúde (SUS), pois integram também a Saúde Suplementar”, diz um trecho do documento.

Em Goiás, de acordo com monitoramento da secretaria, já foram registrados 433.706 casos de Covid-19, com 9.572 mortes. Outros 246 óbitos estão em investigação. A taxa de letalidade da doença subiu para 2,21%.

A situação de risco iminente de colapso fez o governo do estado reforçar, nas redes sociais, o apelo aos goianos para cumprirem distanciamento social e seguirem as demais recomendações das autoridades sanitárias, para evitar a disseminação acelerada da Covid.